CIDADE-QUARTEL FRONTEIRIÇA DE ELVAS E SUAS FORTIFICAÇÕES




As Fortificações de Elvas foram declaradas Património Mundial a 30 de Junho de 2012, pela Comissão do Património Mundial reunida em S. Petersburgo, Russia.

As Fortificações de Elvas destacam-se pelas suas características notáveis de implantação e de ordenamento deste sistema de defesa. As fortificações de Elvas assentam num processo continuado de qualificação da capacidade militar defensiva e na progressiva adaptação a diferentes tipos de guerra, testemunhando os processos de evolução do armamento, da engenharia militar e possuindo excelentes exemplos de sistemas defensivos.

Elvas é um extraordinario exemplo de uma cidade-quartel e as suas muralhas abaluartadas construidas como resposta à hegemonia de poderes em Europa do sec. XVII. Elvas é neste contexto o exemplo das aspirações lusas de se transformar num pais independente, representando as aspirações universais dos estados europeus de autonomia e território no seculo XVII.

A classificação abrange todo o Centro Histórico de Elvas, o Aqueduto da Amoreira, o Forte da Graça, o Forte de Santa Luzia e os fortins de São Pedro, S. Mamede e Piedade, estando inscrita como Cidade Fronteiriça e de Guarnição de Elvas e as suas Fortificações.

O Centro Histórico é definido pela fortificação abaluartada, no interior da qual esta cidade quartel conserva outras três cercas medievais, além de um rico património militar, civil e religioso, que em tempo de guerra transformavam esta urbe numa verdadeira máquina de guerra.

Verdadeira "Chave do Reyno", guardando a principal fronteira entre Lisboa e capital da Espanha, Madrid, a cidade-quartel de Elvas foi fortificada intensivamente entre os séculos XVII e XIX para se tornar na maior fortificação abaluartada de fosso seco do mundo, rodeada por fortes construídos nas colinas circundantes para a reforçar.



O abastecimento de água à guarnição era feita através dos 7 km de comprimento do Aqueduto da Amoreira, construído no sec. XVI/XVII  sendo um elemento-chave que permitiu à fortaleza resistir a cercos prolongados. Dentro das muralhas, a cidade contém vários quartéis e outros edifícios militares, bem como igrejas e mosteiros, alguns adaptados para funções militares.

O Centro Histórico, com seu castelo, muralhas medievais e edifícios civis e religiosos são o testemunho do desenvolvimento da cidade de Elvas crescendo sempre protegida pelos três sucessivos recintos amuralhados, que vão desde a cerca muçulmana do sec. X à muralha Fernandina do sec. XIV, coroado com o reforço abaluartado seiscentista do período da Restauração (1641 -68), quando uma grande variedade de edifícios militares foram construídas para torná-la numa máquina de guerra.

As fortificações abaluartadas da cidade e os fortes de Santa Luzia e da Graça reforçados com os fortins de São Mamede, São Pedro e São Domingos refletem a evolução do sistema holandês de fortificação adaptado a um sistema de defesa de fosso seco.

As fortificações abaluartadas foram iniciadas em 1643, e são um complexo sistema de sete baluartes, quatro meios baluartes e um redente inseridos num polígono irregular.. As fortificações do Centro Histórico foram desenhados pelo jesuíta holandês Cosmander, com base nas tábuas de fortificar de Samuel Marolois, cujo trabalho em conjunto com o de Simon Stevin e Adam Fritach lançaram Escola Holandesa de Fortificar em todo o mundo. Cosmander aplicou a teoria geométrica de Marolois à topografia irregular de Elvas, para produzir um sistema defensivo considerado uma obra-prima do seu tempo.


No século XVIII, o Forte da Graça foi construído em resposta ao desenvolvimento da artilharia de longo alcance, bem como os quatro fortins situados a oeste da cidade.

Elvas é excepcional como uma paisagem militar, com relações visuais e funcionais entre as suas fortificações, que representam a evolução da arquitectura militar e da tecnologia procedente da escola holandesa, a teoria e a prática militar italiana, francesa e inglesa.